quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Igreja de Nossa Senhora do Pilar

Gildo Lima, 2011  / www.atarde.com.br

O templo histórico, construído pelos imigrantes espanhóis em homenagem a sua padroeira, apresenta elementos dos estilos barroco, rococó e neoclássico e foi recentemente restaurado pelo IPAC. 


Antes das obras promovidas pelo IPAC.

A irmandade foi organizada em 1718, na capela de um pequeno convento carmelita que existiu onde fica o "Trapiche Barnabé". Em 1738 iniciou a construção do próprio templo, obra do mestre Felipe de Oliveira Mendes. Em 1739 recebeu a constituição real para edificar sua capela-mor. 


Fonte: Relíquias da Bahia.

O frontispício foi executado entre 1770 e 1780, projetado pelo Engenheiro Militar José de Anchieta e Mesquita (com representação da padroeira em mármore, segurando uma custódia). Ele também executou a planta da fachada do cemitério da Irmandade, edificado em 1799, à direita do templo. Toda a cantaria dos arremates veio de Portugal.


Cemitério. Fonte: Relíquias da Bahia.


O sacrário de prata foi feito em 1789, pelo ourives Capitão Joaquim Alberto da Conceição Matos.


Fonte: SECULT/ IPAC.


Em 1829, um incêndio destruiu a capela-mor e uma tribuna e danificou alfaia e imagens, como a da padroeira e a do Senhor do Bom Caminho. Em outubro de 1829, a Irmandade encomendou obras de talha para a capela-mor e quatro tribunas a Joaquim Francisco de Matos que, entre 1832 e 1834, executou também o novo arco-cruzeiro, o fôrro, duas credências e quatro tocheiros. A partir de 1834 o douramento e oito painéis para ornar a nave e a capela-mor, foram feitos por José Teófilo de Jesus. No ano de 1834 também foi modelada, por Manoel Inácio da Costa, uma nova imagem do Senhor do Bom Caminho, enquanto o ourives João Bernardo executava os raios, título e cantos de prata para seu crucifixo (aproveitando a prata do que foi destruído no incêndio).


Fonte: SECULT/ IPAC.



Em 1837, José Teófilo de Jesus realizou a pintura do forro. Em 1838, o entalhador Joaquim Francisco de Matos entalhou os quatro altares laterais. Em 1939 foram decoradas as seis tribunas, dois púlpitos, côro, portas, molduras dos painéis e batistério.



Fonte: SECULT/ IPAC.


Em 1843, um desabamento danificou parte da talha e um novo trabalho foi encomendado, sendo dourado por Manoel Joaquim Sávio.


Fonte: SECULT/ IPAC.


Entre 1891 e 1892, Henrique Rivet restaurou as pinturas e Emílio Bousquet restaurou o douramento. Em 1902 foram feitos os altares de Santa Luzia e São Sebastião. Em 1903 foi colocada a grade do batistério.

Batistério. Fonte: Relíquias da Bahia.

Abaixo apresentamos trecho do release distribuído pela assessoria de imprensa do IPAC em 12 de agosto de 2001, com informações sobre o monumento e a obra de restauro:

O complexo é formado pela igreja do Pilar, um dos raros templos católicos que apresenta alongamento da planta, preocupação típica de arquitetos mineiros, possivelmente inspirados na igreja de São Paulo de Braga, Portugal, do final do século 17”, diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça. O dirigente estadual explica que o cemitério do conjunto é em estilo neoclássico e tem fachada de 20 colunas de sete metros de altura, cada uma. A igreja tem portal e janelas em pedra de lioz talhadas em Lisboa, teto pintado por José Teófilo de Jesus (1837) e paredes internas com azulejos do século 18 (1750/60) de diferentes oficinas portuguesas. Da imaginária, destaca-se a de Santa Luzia, do século 18. 

“Esta é a obra de recuperação mais importante já realizada na igreja e cemitério desde a década de 1960”, afirma Mendonça. Os prédios já se encontravam em processo de ruína, quando o Governo do Estado iniciou as obras com investimento de R$ 5 milhões do programa Prodetur do Ministério do Turismo, incluindo contrapartida estadual, via Secretaria de Turismo, e com coordenação do IPAC/SecultBA. Como essas edificações são tombadas desde 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura, esse órgão federal realiza a fiscalização.

Foram realizados serviços de engenharia e limpeza, retirados 2,5 toneladas de lixo e entulho do cemitério que estava soterrado. Foi realizada a estabilização da encosta da ladeira do Pilar e alvenaria de contenção de 500 metros de comprimento para proteger o monumento, reforma do teto do templo e substituição de peças de madeira por metálicas. Incluíram-se novas telhas brancas matizadas, proteção para o forro artístico, novo telhado para o cemitério com telhas metálicas trapezoidal, recuperação do revestimento interno e externo e recuperação das esquadrias de madeira e de ferro. Com 95% por cento da obra concluída, a equipe do IPAC se dedica agora à recuperação das instalações hidráulica e elétrica, balaústres, elementos decorativos em argamassa, restauração de cantarias nas fachadas e escadas em lioz, além de reassentamento dos gradis do adro. 


A grade de bronze da capela-mor
foi dádiva do Comendador Pedro Rodrigues Bandeira.
Fonte: SECULT/BA - IPAC, 2010.
SECULT/BA - IPAC, 2010
Após obras de restauro promovidas pelo IPAC o templo foi reaberto em 13/04/2012.
Foto: Correio da Bahia


Devoção a Santa Luzia do Pilar - a festa e a fonte milagrosa:

Segundo a juíza da Irmandade de Nossa Senhora do Pilar, Josete Batista Santos, a imagem de Santa Luzia tinha seu próprio templo nas imediações da Avenida Contorno, destruído por um incêndio no final do século XIX. No Pilar, a imagem foi colocada no altar-mor, junto com as demais, mas era tão grande a devoção que, em 1902, a Irmandade decidiu construir um altar especifico pra ela, numa das laterais do templo.


Altar e Fonte de Santa Luzia.
Fonte: Relíquias da Bahia.
Tornou-se muito popular a festa em devoção a Santa Luzia, que acontece todos os anos em 13 de dezembro. Na ocasião, os devotos católicos buscam as águas da fonte milagrosa de Santa Luzia para sarar suas doenças, principalmente as relacionadas aos olhos, já que esta, que é considerada pela Igreja Católica uma das "virgens-mártires", sofreu o martírio de ter os olhos arrancados. A santa é considerada padroeira dos marinheiros e madrinha dos Filhos de Gandhi e da Banda Didá. No sincretismo afro-brasileiro, é relacionada com Oxum Apará, uma mistura de Iansã com Oxum.

A fonte natural do local, que já serviu outrora para abastecimento de naus e caravelas do porto da cidade, provém da canalização realizada quando da contenção da encosta para construção do templo.


Arcaz da sacristia. Fonte: Relíquias da Bahia.
Fonte: Relíquias da Bahia.


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