segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

QUINTA DO TANQUE, MONUMENTO NACIONAL - MÁRIO TORRES

Entre as melhores doações da colônia aos Jesuitas, figura A “Casa de Campo do Colégio da Bahia” cujos principios datam do século XVI, segundo refere o sábio historiador Padre Serafim Leite. Ela tomou, depois, o nome de Quintas dos Padres, dividida em “Quinta do Tanque” e “Quinta de S. Cristovam", separadas pela Ladeira da Cruz do Cosme e Baixa das Quintas, hoje, rua D, Rodrigo de Menezes.

As terras foram sabiamente escolhidas. Estabelecido o “Colégio” no Terreiro de Jesus, hoje Praga 15 de Novembro, os Pares da Companhia de Jesus cogitaram de um local destinado “a mansão de repouso”, para goso de férias semanais e anuais, “Férias Grandes” de seus alunos e que ao mesmo tempo suprisse as suas casas com legumes, hortaliças, vegetais e frutas de todas as espécies.

Assim, nasceu o grande pomar e foi criado o primeiro “Campo de Experimentação Agrícola" em Salvador, talvez no Brasil, sendo cultivadas ali plantas da América, Europa e Asia. Terras magnificas, bem irrigadas, com preciosas nascentes, deram origem ao seu aproveitamento com um grande reservatório dágua, dai o nome de “Quinta do Tanque”.

Posteriormente, foi erigida artística fonte de azuleijo, depósito dágua para o estabelecimento, ainda existente.

Ali foram cultivados: o cravo, raizes e hervas medicinaes, a canela do Ceilão, a pimenta de Malabar, o cacáu trasido do Maranhão. Nasceu a laranja de umbigo – “Laranja da Bahia” o Pomo de ouro, que fez a riqueza da California, onde o primeiro pé, para ali transportado é conservado como monumento.

F. C. Hoechne n'“A Flora do Brasil” pág. 151, diz referindo-se à laranja: “Na Bahia, creou-se, pelo enxerto, uma variedade que mereceu a honra de ser julgada: mesmo pelos estrangeiros, a mais útil e melhor do mundo”.

O Professor Ignácio de Menezes n' “A Laranjeira da Bahia” (página 19 ano 1946), consigna o fato da Citrus Brasiliensis ter tido origem na Quinta dos Padres, o que é também referido pelo grande Ruy Barbosa.

O padre Gabriel Soares residiu na Quinta, bem assim, o célebre orador Padre Vieira que ali esteve 17 anos, reformou a casa, completamente e, nela, escreveu seus magníficos sermões.

Fonte: Revista IGHB, Nº 43, 1918.

Segundo refere José Valadares, Inspetor de Museu e Monumentos do Estado, em ótimo parecer, o edificio, de origem Jesuitica, foi iniciado no século XVI, chamando-se primitivamente “Casa de S. Cristovam” em homenagem ao Padre Christovam Gouveia, visitador da Companhia no Brasil (1583 a 1589).

A casa dos Jesuitas no Rio de Janeiro, como a da Bahia, têve igual denominação e fim, dêles foi herdada e destinada a Lazareto, pelo pio e liberal Vice-Rei -- Gomes Freire de Andrade - primeiro Conde de Bobadella, que governou, a contento, o Rio de Janeiro, quasi por 30 anos (Dec. 8.X. 1759).

Na segunda metade do século XVII, por influencia de Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, e depois Marquês de Pombal, Ministro de D. José Primeiro, pelo Decreto de 3 de Setembro de 1758, mandou` prender e expulsar os Jesuitas, sequestrar os seus bens, e entregar, ao Bispo do Brasil, o que fosse do culto divino.

A “Quinta do Tanque” passou, a ser dominio da corôa e foi posta em hasta pública, sendo adquirida por João Rodrigues Pereira no dia 28 de Maio de 1762, por 2:800$000, (Accioli diz - Domingos Rodrigues Pereira). Nesse tempo a nossa Cidade era ocupada por inúmeros leprosos, morféticos, chamados, então Gafos de Lepra.

De fato, os leprosos, dos quais fogem até os mais intimamente a êles ligados pelo sangue e pelo amôr, enchiam a Cidade e preocupavam o Govêrno e o povo. Maurano citando Aleixo Guerra, diz – “Os portugueses introduziram esta molestia no Brasil em 1496, como a haviam introduzido na Madeira”.

Na sua maioria, eram escravos africanos, trasidos pelos traficantes, que não conseguiam preço e eram abandonados na Cidade. Chegava, posteriormente, um grande Governante, o nobre português D. Rodrigo Jose Menezes e Castro, filho do Marquês de Marialva, o qual nos governou de 6 de Janeiro de 1784 a 17 de abril de 1788.

Conheceu as solicitações feitas à coroa pelo Conde dos Arcos a favor dos gafosos e muito se impressionou com o número de leprosos que perambulavam pelas ruas, dormindo nas calçadas, porta de Igrejas, contaminando a tôdos.

Resolveu, então, desde que não dispunha de recursos, apelar para o comércio e o público, afim de ter paradeiro aquele estado de cousas.

Com o produto da produto da subscrição -- 6:200$00O seis contos e duzentos mil reis) -- D. Rodrigo adquiriu à “Senhora D. Ana Maria do Sacramento, viuva de João Rodrigues Antunes e tutora de seus filhos menores. as “Quintas dos Padres” (um quarto de légua em quadro) avaliada em 3:600$000 as terras proprias com sua casa grande e nobre sobrado, sobre arcos, tudo de pedra e cal e, assim, a sua capela que se acha edificada de novo, com todos os seus paramentos pertences e accessórios também as senzalas, casa de farinha com a sua enraladeira de rellar mandioca com cavalos e seus accessórios, fontes de água nativa com seus telheiros e encanados por canos feitos de pedra e cal e ultimamente, a porteira de pedra e cal de alvenaria com sua casa a ella mutica (unida?) tudo avaliaram na quantia de 3:600$0O0. E pelo que pertence as terras, árvores de fruto e sem fruto e tôdas as mais benfeitorias e culturas com plantas de mandioca e vários hortalícios, matas virgens, cercas de madeira e porteiras da mesma avaliamos tudo na avaliamos tudo na quantia de 2:600$000.

É o que consta do termo de avaliação aprovado pelo Dr. Juiz de Fóra dos orfaons, de livro -- Registro de Resoluções e Ordens do Governo iniciado a 21 de Agosto de 1787, página 20 verso. (1)

Efetuada a compra, D. Rodrigo mandou fazer oportunas adaptações, aprovando regulamento para o Hospital de S. Christovam, ainda hoje admirado.

Nessa ocasião, foi levantada a planta, cujo original se encontra no arquivo do Ministério da Guerra, de autoria de Vicente Pinheiro de Lemos, elaborada em 1787, por órdem de D. Rodrigo.


Juntamos a cópia fotográfica da mesma, oferta do Sr. Godofredo Rebello de Figueiredo Filho, Chefe do 2.° Distrito do P.H.A.N. na Bahia.

 

O retrato a óleo de D. Rodrigo de Menezes que existia no antigo Hospital de S. Christovam das Quintas dos Lázaros, foi transferido para o novo Hospital Colônia de Aguas Claras, que ficou também com o seu nome.

A fotografia que estampamos, graças a Octávio Torres é uma reprodução, já utilizada pelo Dr. Heraclides Cezar de Souza Araújo da Silva (Est. 7 do l.° V.) “História da Lepra no Brasil” --- 2 vols. -- Período Colonial e Monarquico (1.500 a 1.889). Período Republicano (1.889 a 1946).

O autor é Professor de Leprologia da Faculdade de Ciências Médicas e destacado Chefe da Divisão de Microbiologia e Imunologia do Instituto Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro.

O Escudo de Armas de D. Rodrigo José de Menezes e Castro, depois, Conde Cavalheiros, existe, em ouro, às folhas 2 do Livro de Resoluções e órdens do Govêrno da Bahia e também foi reproduzido na obra citada de Silva Araújo (Est. 8. do V. l.°) fot. Octavio Torres.

No dia 21 de Agôsto de l786, natalício do Principe-regente, depois D. João VI, foi inaugurado o Hospital de S. Christovam da Quinta dos Lázaros. Sendo para ali transferidos os doentes, que estavam recolhidos provisoriamente na Fortaleza do Barbalho.

D. Rodrigo de Menezes, -- isolando os doentes, humanamente, prestou grande serviço aos bahianos, a ponto de reduzir o coeficiente da moléstia até os nossos dias, tornando-se um dos beneméritos da Cidade.

O primitivo Lazareto (Aldeia dos gafosos) existira junto a Capela de S. Lázaro, fóra da Barra, na Freguesia da Vitoria dominando o Campo de Ondina. Para manutenção do Hospital criou D. Rodrigo o imposto de um vintem cobrado sôbre o alqueire de cereal, que passasse no Celeiro Público.

Confiou sua Direção à Mesa Administrativa do Hospital de S. Christovam da Quinta dos Lázaros, que existiu até 1895, quando a referida Mesa, por falta de recursos, apelou para o Governo do Dr. Manoel Joaquim Rodrigues Lima, que, por sua vez, entregou a administração, o patrimônio, bens e alfaias e até o Cemitério, à Mesa da Casa da Santa Misericordia. Esta, em Abril de 1912, alegando também falta de recursos, devolveu o encargo ao Govêrno do Estado.

Os Anaes do Arquivo Público e Inspetoria de Monumentos da Bahia – Volume XXIV. (Imp. of. 1933. ps. 127 a 188) publicou:

“Tombamento reunido do Hospital de Lazaros, a que se refere o atual administrador, por mandado do Ilmo. Exmo. Sr. Tenente-General Francisco José de Souza Soares d'Andrêa Presidente da Província da Bahia" 8 – Março de 1845 (a) Felisberto Gomes de Argollo Ferrão”.

A planta da Quinta do Hospital dos Lázaros foi levantada em 20 de Dezembro de 1869 pelo Engenheiro Antonio José Machado, por órdem do General Andrea, quando Presidente da Província da Bahia, a fim de evitar invasão de gananciosos.

No século XIX, o exterior da Casa sofreu, mais uma vez alteração. Valadares cita Roberto C. Smith “Jesuit Buildings in Brazil” in The Art Bulletin -Vol. XXX, n.° 3 Setembro de 1948. Nina Rodrigues disse: “Por ali passaram 1411 doentes desde a sua fundação até 1890”.

O Cemitério das Quintas foi aberto á população em 1855, por ocasião da epidemia da Cólera-Morbus.

No Governo Vital Batista Soares, a ilustre professora D. Anfrísia Santiago recebera de uma doente do Leprosario, pessôa de distinta família, uma carta denunciando as misérias que os doentes do Nesocômio passavam; resolveu lá ir visitar e se certificar do que ocorria. Impressionada com o que vira, dirigiu-se ao Governador e expoz a triste situação do Leprosário. Sua Excelencia, tomando conhecimento da precarissima situação daquele Hospital, boníssimo coração autorisou, logo ao seu Secretario de Educação e Saude Publica, Dr. Antônio Luiz Barros Barreto a tomar as medidas- necessárias, conseguindo o seu auxiliar reformar, a ala direita do antigo Nosocômio, aproveitando somente a caixa externa, que restava da construção dos Jesuitas, fez nela duas enfermarias, uma para Homens e outra para Mulheres.

No primeiro pavimento havia um grande salão, sala do Diretor, administração, salas de curativos e de enfermeiro, enfermaria e sala de refeições, compartimentos sanitáros para homens.

No pavimento térreo, salão de refeições, enfermaria, quarto de enfermeiro compartimentos sanitarios para mulheres.

Na parte central era localizada a Capela. A cosinha ficava no porão do fundo.

A ala esquerda, ainda se encontra em ruinas e abrigou por muitos anos os mendigos da Cidade, até que, corações generosos, os mudaram para sua casa própria – Abrigo D. Pedro II – á Avenida Luiz Tarquinio n.° 20, em 29 . VII. 1387.

O Asylo de Mendicidade esteve primitivarnente no Convento de S. Francisco, na parte hoje ocupada pela sua tipognafia.

Em 30 de Junho de 1873, a Lei provincial n. 1335 (orçamento) autorisou o governo a removel-o para os comodos disponiveis do Edificio da Quinta dos Lazaros dispendendo para isso o que fosse necessario.

Em 29 de Julho de 1876, foi positivada a mudança, sendo Provedor -- Felisberto Gomes de Argollo Ferrão e Administrador Fortunato José de Andrade.

Sendo Presidente da Provincia o Cons. João Capistrano Vieira de Melo. O asilo foi transferido para o seu edificio por fim, acima referido, em 29.VII de 1887, comemorando o aniversario natalicio da princeza D. Izabel, então Regente do Imperio razão da denominação do estabelecimento “Asylo de Mendicidade Santa Izabel” até 1895, quando já na Republica, passou a se denominar “D. Pedro II” em memoria do seu Augusto Pai. O prédio aproveitado – “Palácio dos Pobres” fôra residencia do comendador Antonio José Machado, abastado capitalista.

O Asilo é mantido pela Prefeitura Municipal esteve subordinado ao Diretor de Hygiene Municipal Dr. Gonçalo Moniz Sodré de Aragão sendo médico então Dr. Deraldo Dias de Moraes. Atualmente é seu Diretor o medico Dr. Pedro Augusto Seixas.

Em cima da porta da entrada da Capela existe urna pedra mármore, com os seguintes dizeres:

“No Reinado do Senhor D. Pedro II
                   e na
Presidencia do Exmo. Snr.
Dr. Luiz Antonio da Sa. Nunes
Foi inaugurado o Asilo de Mendicidade
no dia 29 de Julho de 1876

Sendo Provedor                                     Mesarios
Phelisberto Antonio da Silva Horta      Joao Pinheiro de Abreu
Escrivão                                                Antonio Pereira Bustos
Dr. Manoel Glz Pereira Gundim           José Domingos Galdino
Tesoureiro                                             José Glz do Nascimento
Domingos dos Santos Pra.                    Luiz Paulo de Athayde”

Em Março de 1931, Dr. Octavio Torres, foi nomeado Diretor do Leprosário e lá permaneceu até 1937.
Teve muito que fazer – conseguiu retalhamento do prédio, forros para a Capela, pintura e caição geral, instalações sanitárias, que não existiam, deu regular alimentação para os doentes, criou oficinas, banda de música, gabinete de pesquisas e uma farmácia.

Plantou as palmeiras imperiais, cujo aléa vem do portão ao antigo jardim.

Em aberto estavam os terrenos, Alcançou do Prefeito José Americano da Costa (1935) fazer e reforma urbanística de toda a Zona em torno do Hospital, com alargamento da rua, recuada sete metros, substituidas as cercas de arame farpado e zincos da frente por um muro “Placer” de cimento armado, feitos novos pilares para o portão. O calçamento, muralhas e arborização foram levadas até em cima, ao Cemitério.

As verbas destinadas ao Hospital chegaram depois, a serem reduzidas à metade: $2.500,00 por mês! Havendo aumento do número de doentes, a situação ficou insustentavel. O Diretor têve de apelar para o público da Bahia, por meio da imprensa, sempre favoravel às grandes causas, dizendo claramente da falta de assistência no Leprosário e iniciou, com os seus discipulos e a mulher bahiana, uma das maiores campanhas realizadas entre nós. O apêlo foi atendido sendo fundada a 16 de Maio de 1933 a Sociedade Bahiana de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, hoje Sociedade Bahiana de Combate à Lépra.

A Professôra Anfrisia Santiago foi uma das mais animadoras para a criação da Sociedade. As sessões preparatórias foram feitas no Colegio Maria Auxiliadôra da qual é Diretora, sendo a instalação realizada no salão nobre do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

O Governador de então Cel. Juracy Magalhães, no dia imediato, por Dec. n° 8421 de 17 de Maio de l933 reconheceu a utilidade pública da nova entidade que progredio e, conceituada, vem, prestando o maior serviço a todos.

Não havendo recursos para um serviço completo, a semelhança do que o Interventor Barata houvera criado no Pará, Octavio Torres, Anísio Massorra e Antônio Geraldo Teixeira, todos socios fundadores da Sociedade, organisaram a criação do “Imposto da Carne" cem reis, dez centavos por quilo a ser cobrado nos Matadouros da Capital e do Interior. O cálculo da importância a ser arrecadada, excedeu a expectativa. Então, por generosidade, espirito de humanidade e amor a Terra, resolveram ampliar a ação, criando-se uma nova Instituição, que deveria se chamar “Fundação de Assistência Social na Bahia.

Exposto o projeto ao Interventor Juracy Magalhães, foi pelo mesmo abraçado e sancionada a Lei criando o Conselho. O imposto, no primeiro ano, produziu três milhões de cruzeiros e, com o seu produto, diz ainda Octávio Torres, foram feitas obras de Assitência na Capital e no Interior; entre outras as seguintes: Um Pavilhão para pensionistas no antigo Hospital São João de Deus; Um Pavilhão na Maternidade; a Pupileira Juracy Magalhães; O Hospital do pronto Socorro, uma contribuição de dois milhões de cruzeiros para o Hospital das Clínicas da Faculdade; os Hospitais de Alagoinhas e Jequié; subvenções a vários Hospitais, etc.

O mais curioso é que, depois de instalado o Conselho, á única instituição que teve a verba inicial supressa, foi a Sociedade Bahiana de Combate à Lepra, exigindo outras providencias para sua subsistência.

O Interventor Landulfo Alves de Almeida por Dec. n° 10.893 de 1º de Agôsto de 1938 fizera reverter, à Sociedade Bahiana de Combate à Lepra, com séde nesta Cidade, o imovel denominado “Fazenda Quintas dos Lázaros” situado no Distrito de Santo Antônio, que constituia, outrora, o Patrimônio do Hospital de São Chistovam das Quintas dos Lazaros, governado pela sua Mesa Administrativa, para a Sociedade Bahiana de Combate à Lepra, sua sucessora, que tomou a si o encargo.

A escrituração de doação foi lavrada a dez de Agôsto de 1938, pelo Tabelião Dr. Guilherme Marback.

São conhecidos os trabalhos de Octavio Torres concatenados na “A Vitoria de Uma Idéia 1949” para instalação e mudança dos doentes para a moderna Colônia de Aguas Claras, Cidade dos hanseanos, onde hoje na praça principal, está erigido, por seus amigos, o seu busto.

Há no Brasil grande número de leprosos, dos quaes 22.000 receberam tratamento nas 40 Colônias feitas e mantidas pelos Governos, Federal, Estadual, Municipal e 170 Sociedades em Cidade e Aldeias que colaboram com o Govêrno no trabalho de isolar e tratar os leprosos, cuidar de suas famílias, reabilitar os curados, educar os seus filhos sadios e orientar o público.

À frente da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra à Lépra, à qual, a da Bahia é filiada, esta a abnegada Senhora D. Eunice Weaver, mundialmente conhecida, incansável amiga dos Hanseanos a qual orienta cêrca de oito mil voluntarias. Já existem para filhos sadios de Lázaro 31 Educandários em funcionamento que protegem, amparam e educam, 4,500 crianças, orfãs de pais vivos, que não os podem manter.

Em 26 de Marco de l949, com a construção moderna do Hospital Colônia para Leprosos, em Aguas Claras, a 18 Kilômetros da Cidade e 3 da Rodagem da Bahia a Feira, em comemoração ao IV Centenário da Fundação da Cidade do Salvador, o Governador Octavio Mangabeira, sendo Secretario de Educação e Saúde o Dr. Anísio Spínola Teixeira, teve a felicidade de inaugurar o novo e modelar Hospital que conservou o nome “D. Rodrigo de Menezes” sendo para ali removidos 130 doentes existentes na antiga Quinta do Tanque.

A solenidade foi presidida pelo Dr. Octavio Mangabeira, tendo ao lado o Ministro de Educação e Saúde Dr. Clemente Mariani, que representou o Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra e D. Eunice Weaver, Presidente da Federação de Assistência aos Lázaros e Defesa contra à Lépra no Brasil.

Em 1949, o Secretario Anisio Spínola Teixeira mandou levantar a planta cadastral dos Cemitérios das Quintas e adjacencias pelo Engenheiro Rodolfo Gouveia bem assim da área atual, ocupada propriamente pelo antigo Hospital, apurando-se um total de 28.000m2.


A 6 de Agosto de 1949, conforme notificação 577 do Dr. Rodrigo M. de Andrade, Diretor do Patrimonio Artistico Nacional, de acôrdo com o Dec. Lei nº 25 de 30 de Novembro de 1937, foi o imóvel inscrito nos livros do Tombo Histórico e no Tombo de Belas Artes a Arquitetura Civil, do qual é proprietário a Sociedade Bahiana de Combate à Lépra Casa em Salvador, Bahia, conhecida como Quinta do Tanque, inclusive:

- a) Jardins que circundam
- b) Reservatório de agua
- c) Aquedutos antigos
- d) Chafariz de cantaria
- e) Bacia de outro chafariz antigo
- f) Marco setecentista de pedra.

Por áto de 25 de Setembro de 1951, of. 11° 1658, Dr. Antônio Simões, Secretário de Saúde e Assistência Social de conformidade, com o despacho exarado em 28 de setembro do dito mês às folhas 7 d Proc. 10208/50 do Exmo. Sr. Dr. Regis Pacheco Pereira, Governador do Estado, de conformidade com a doação feita pelo Governo Landulfo Alves de Almeida fez entrega à Sociedade Bahiana de Combate à Lépra do predio denominado “Quinta do Tanque”, onde estiveram, de 21-8-1874 a 26.3.1949, durante 165 anos os Hanseanos.

Não sopitamos o desejo de informar o que a ciência vai alcançando em nossos dias, para salvação da humanidade.

Segundo o Leprólogo Argentino Dr. José M.M. Fernandez (Médico do Instituto de Investigações Médicas Rosário) nas suas “ Novas Orientações na Profilaxia da Lépra" vertidas para o vernáculo, temos:

“A história da luta contra esta milenária enfermidade apresenta características peculiares, pela interferência de fatores negativos, frutos da ignorância, da supertição e do temor que tem dificultado em, todos os tempos, a ação profilática”.

Até a idade media o Lázaro foi perseguido, segregado ou exterminado.

Vieram depois os Leprozários, para exclusão do seio das Sociedades “eram remansos da morte na torrente da vida”.

Com o andar do tempo, a luta se harmonisa e o progresso científico brinda um novo recurso, o tratamento chaulmogrico (2ª etapa da profilaxia) isolamento e tratamento.

3ª etapa sob bases cientificas o problema é visto sob aspecto integral – Adotou-se um plano de ação.

1 – Isolamento e tratamento bacilíferos
2 – Tratamento ambulatorio de casos não bacilíferos.
3 – Controlação e proteção dos Conviventes.
4 – Intensificação cientifica
5 – Educação Sanitária.

Para se levar à prática, se dispõe dos seguintes elementos de luta: O Sanatório Colônia, o Hospital Urbano, o de Transito, o Dispensário, o Preventório para filhos sãos de pais enfermos e o Instituto de Investigação.

Nas últimas 3 décadas, houve um avanço substancial no conhecimento do mal.

Brasil e Filipinas conseguem ótimos resultados com a nova orientação sanitária, no campo da Leprologia.

Os derivados sulfonicos, mais ativos que a chaulmogra pouco tóxicos e de fácil administração por via oral, permitiram modificar o estado clínico e bacteriologico do paciente ao ponto de poder libera-lo, em muitos casos, do isolamento para que prossiga a sua cura no dispensário.

A vacinação preventiva com o B .C .G. dos coniventes com reações imunológicas desfavoraveis constitue o elemento mais eficaz na 1uta contra a enfermidade. O plano atual é de isolamento
Condicionado.

“Tratamentos a) – intensivo em casos conhecidos.
                          b) – preventivo dos conviventes suspeitos.
                           Controlador e prenunciador dos convivientes. Hoje só se azilam os
                           casos abertos”.

(Revista Ciência Y Tecnologia -- União Pan-Americana - Washington 6-N. 10. Vol. III Julho e Setembro de 1953).

É a vitória da ciência adotada no Brasil

FONTE: Revista do Instituto Genealógico da Bahia. N. 9, ano 9, 1954, p. 3-15.


OUTRAS IMAGENS

Foto: Silvanisio Pinheiro, déc. 1940, Acervo IPHAN.

Foto: Silvanisio Pinheiro, déc. 1940, Acervo IPHAN.

Acervo IPHAN

Foto: Silvanisio Pinheiro, déc. 1940, Acervo IPHAN.

Marco Setecentista. Foto: E. Falcão, déc. 1940, Acervo IPHAN.

Foto: Carla Ornelas
http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias/1787141-arquivo-publico-aguarda-verba-do-minc-para-obra










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