sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Centro Histórico de Salvador - núcleo inicial da cidade - ruas estreitas e irregulares, casario apertado, ladeiras tortuosas e íngremes...

"Salvador representa o primeiro exemplar na América — de cidade típcamente medieval! de ruas e ladeiras tortuosas e íngremes, e de súbitas declividades. Assevera Robert Smith na introdução a seu estudo,  Arquitetura civil do período colonial, Rio, 1969, ao referir-se à construção da primeira capital do Brasil, em 1549.

Em nota desenvolvida, elucida as origens de seu traçado urbanistico, réplica da arquitetura lusitana, de padrão uniforme, implantada em outras partes do mundo: “Os descobridores portugueses eram homens do Renascimento, mas como urbanistas pertenciam ainda à Idade Média. Constantemente recusaram-se a dotar o sistema de arruamento em xadrez, aparecido na Europa com o Renascimento e trazido à América pelos conquistadores espanhóis. Pelo contrário, apegaram-se ao tipo de cidade medieval construída sobre uma eminência fortificada, a que pertencem as cidades portuguesas, com todas as suas limitações: ruas estreitas e irregulares e casario apertado. Diziam eles que assim o faziam a fim de assegurar a defesa, quando na realidade estavam apenas seguindo uma tradição. Para onde quer que fossem, levavam consigo a tradição nacional das cidades alta e baixa, das ladeiras íngremes e tortuosas que as ligavam entre si, e das capelas e fortes espalhados pelas alturas e sobranceiros aos terreiros compridos e irregulares de forma, à volta dos quais se alinhavam as igrejas e as moradas estreitas e altas.

Tal era o padrão de construção urbana que os colonizadores portugueses trouxeram para o Novo Mundo, depois de o terem levado à Madeira, aos Açores, à África, à Índia e à China. As primeiras povoações costeiras do Brasil — Bahia, Olinda e o Rio de Janeiro — cresceram de maneira tão irregular e pitoresca quanto Funchal e Ponta Delgada, Luanda, Goa ou Macau”.


Waldemar Mattos



MATTOS, Waldemar. Evolução histórica e cultural do Pelourinho.
SENAC, Rio de Janeiro, 1978, p. 11.

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