Em nota desenvolvida, elucida as origens de seu traçado urbanistico, réplica da arquitetura lusitana, de padrão uniforme, implantada em outras partes do mundo: “Os descobridores portugueses eram homens do Renascimento, mas como urbanistas pertenciam ainda à Idade Média. Constantemente recusaram-se a dotar o sistema de arruamento em xadrez, aparecido na Europa com o Renascimento e trazido à América pelos conquistadores espanhóis. Pelo contrário, apegaram-se ao tipo de cidade medieval construída sobre uma eminência fortificada, a que pertencem as cidades portuguesas, com todas as suas limitações: ruas estreitas e irregulares e casario apertado. Diziam eles que assim o faziam a fim de assegurar a defesa, quando na realidade estavam apenas seguindo uma tradição. Para onde quer que fossem, levavam consigo a tradição nacional das cidades alta e baixa, das ladeiras íngremes e tortuosas que as ligavam entre si, e das capelas e fortes espalhados pelas alturas e sobranceiros aos terreiros compridos e irregulares de forma, à volta dos quais se alinhavam as igrejas e as moradas estreitas e altas.
Tal era o padrão de construção urbana que os colonizadores portugueses trouxeram para o Novo Mundo, depois de o terem levado à Madeira, aos Açores, à África, à Índia e à China. As primeiras povoações costeiras do Brasil — Bahia, Olinda e o Rio de Janeiro — cresceram de maneira tão irregular e pitoresca quanto Funchal e Ponta Delgada, Luanda, Goa ou Macau”.
Waldemar Mattos
MATTOS, Waldemar. Evolução histórica e cultural do Pelourinho.
SENAC, Rio de Janeiro, 1978, p. 11.
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