quinta-feira, 19 de março de 2015

60 anos de domínio espanhol: 1580-1640

Em 1580, dois anos após a trágica morte de Dom Sebastião de Portugal na batalha de Alcacer-Quibir, passou Portugal ao domínio espanhol. As colônias também. Reinava o fanático Filipe II. A corôa portuguesa só voltou a cabeças lusitanas em 1640.

Para a Bahia, que então vivia alegremente, a primeira consequência grave da mudança de metrópole, foi a chegada da Inquisição em 1591.

Com os espanhóis a teoria de colonização era diferente. Nada de tolerâncias com que o governo português procurava facilitar o progresso em ultramar. Nada de sinagogas escondidas, nada de hábitos judaizantes, nada de sodomias, nem de adultérios, nem de feitiçarias. […]

Os falsos cristãos-novos, as bruxas, os sodomitas, os blásfemos, ou tiveram de fugir ou cairam nas malhas do tribunal. Para a colônia houve prejuizo econômico. Por causa das perseguições, muito industrial, muito técnico, muito comerciante e artesão israelita teve de fugir com sua família. Foram para as antilhas ou para os Estados Unidos.

Segunda consequência grave do domínio espanhol, o assalto dos holandeses em 1624. Era um meio que a holanda dispunha para ferir seu velho inimigo.

Vergonha em grande estilo. Com a visão da esquadra bátava, fugiu o governador, seus auxiliares fugiram, fugiram os grã-finos, fugiu a tropa. A vida era bôa, ninguém queria saber de sacrifícios. Na cidade só ficaram os negros escravos. O saque revelou-se verdadeira maravilha. Caixões e mais caixões de prataria, de joias e de moedas de ouro. O bispo, porém, Dom Marcos Teixeira, pensou em reagir.

O movimento de resistência que organizou foi tomando corpo. Não deixava os inimigos em paz. Não tardou o socorro da metrópole. Dentro de um ano a cidade viu-se reconsquistada. E muito sangue correu. De parte a parte. O mosteiro de São Bento foi cenário de horrível matança de soldados espanhóis.

No Museu do Prado, em Madrid, existe um quadro famoso celebrando a recuperação da Bahia. Reinava Filipe IV. Há cópia dessa tela em nossa Câmara Municipal. Herói principal da reconsquista, de acôrdo com o quadro: Dom Fradique de Toledo Osório.

José Valadares, Bêabá da Bahia, 1951, p. 29-31.

Ataque de Salvador, do pintor flamengo Andries van Eertvelt, cerca de 1624, acervo do National Maritime Museum, Greenwich. Retrata a batalha naval na estrada da Baía de Todos os Santos para a tomada da capital da Cidade. O navio do holandês Piet Hein está embaixo, à direita. http://www.historia-brasil.com/bahia/invasao-holandesa.htm


La Recuperación de Bahía de Todos los Santos, óleo de Juan Bautista Maíno, cerca de 1634, acervo do Museo del Prado, Madrid. A tela retrata a recaptura de Salvador pelos espanhóis, em 1625. À direita, o comandante Don Fadrique de Toledo Osório apresenta a seus generais uma peça de tapeçaria com a figura do rei Felipe IV da Espanha (Felipe II de Portugal). http://www.historia-brasil.com/bahia/invasao-holandesa.htm

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