Em 1580, dois anos após a trágica morte de
Dom Sebastião de Portugal na batalha de Alcacer-Quibir, passou Portugal ao
domínio espanhol. As colônias também. Reinava o fanático Filipe II. A corôa
portuguesa só voltou a cabeças lusitanas em 1640.
Para a Bahia, que então vivia alegremente, a
primeira consequência grave da mudança de metrópole, foi a chegada da Inquisição em 1591.
Com os espanhóis a teoria de colonização era
diferente. Nada de tolerâncias com que o governo português procurava facilitar
o progresso em ultramar. Nada de sinagogas escondidas, nada de hábitos
judaizantes, nada de sodomias, nem de adultérios, nem de feitiçarias. […]
Os falsos cristãos-novos, as bruxas, os
sodomitas, os blásfemos, ou tiveram de fugir ou cairam nas malhas do tribunal.
Para a colônia houve prejuizo econômico. Por causa das perseguições, muito
industrial, muito técnico, muito comerciante e artesão israelita teve de fugir
com sua família. Foram para as antilhas ou para os Estados Unidos.
Segunda consequência grave do domínio
espanhol, o assalto dos holandeses em 1624. Era um meio que a holanda dispunha
para ferir seu velho inimigo.
Vergonha em grande estilo. Com a visão da
esquadra bátava, fugiu o governador, seus auxiliares fugiram, fugiram os
grã-finos, fugiu a tropa. A vida era bôa, ninguém queria saber de sacrifícios.
Na cidade só ficaram os negros escravos. O saque revelou-se verdadeira
maravilha. Caixões e mais caixões de prataria, de joias e de moedas de ouro. O
bispo, porém, Dom Marcos Teixeira, pensou em reagir.
O movimento de resistência que organizou foi
tomando corpo. Não deixava os inimigos em paz. Não tardou o socorro da
metrópole. Dentro de um ano a cidade viu-se reconsquistada. E muito sangue
correu. De parte a parte. O mosteiro de São Bento foi cenário de horrível
matança de soldados espanhóis.
No Museu do Prado, em Madrid, existe um
quadro famoso celebrando a recuperação da Bahia. Reinava Filipe IV. Há cópia
dessa tela em nossa Câmara Municipal. Herói principal da reconsquista, de
acôrdo com o quadro: Dom Fradique de Toledo Osório.
José
Valadares, Bêabá da Bahia, 1951, p. 29-31.
Ataque de Salvador, do pintor flamengo Andries van Eertvelt, cerca de 1624, acervo do National Maritime Museum, Greenwich. Retrata a batalha naval na estrada da Baía de Todos os Santos para a tomada da capital da Cidade. O navio do holandês Piet Hein está embaixo, à direita. http://www.historia-brasil.com/bahia/invasao-holandesa.htm |
La Recuperación de Bahía de Todos los Santos, óleo de Juan Bautista Maíno, cerca de 1634, acervo do Museo del Prado, Madrid. A tela retrata a recaptura de Salvador pelos espanhóis, em 1625. À direita, o comandante Don Fadrique de Toledo Osório apresenta a seus generais uma peça de tapeçaria com a figura do rei Felipe IV da Espanha (Felipe II de Portugal). http://www.historia-brasil.com/bahia/invasao-holandesa.htm |
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