A destruição assistemática teve
início no ultimo quartel do século XIX, quando a Praça Municipal, Centro
Administrativo desde 1549, ano de fundação da Cidade do Salvador, foi
completamente alterada, a saber:
- Pela demolição dos edifícios da Casa da Relação e da Casa da Moeda, o primeiro ao fundo, onde hoje se acha o Elevador Lacerda e a Casa da Moeda onde até pouco estavam a Biblioteca Pública e a Imprensa Oficial.
- Pela transformação por que passou o Frontispício da Casa de Câmara e Cadeia, com a reforma Caminhoá, desfigurando totalmente a sua sóbria e digna fachada Colonial, só recentemente refeita e, mesmo assim, parcialmente, tais os estragos da citada reforma.
- Por fim, mas não menos danoso, as modificações que se iniciaram na posição e estrutura do Palácio dos Vice Reis, onde agora se acha o infeliz Palácio Rio Branco.
O combate
sistemático, sob a invocação de “Melhoramentos Urbanos” foi realizado no
primeiro quartel do século atual, sobretudo de 1912 a 1920, quando as intervenções no tradicional Centro Administrativo – Praça Municipal – Centro Cultural
– Terreiro de Jesus – foram projetadas e aprovadas pelas autoridades
competentes, mas executadas só em parte, pela falta de recursos financeiros,
daí resultando a salvação de alguns monumentos notáveis, alguns temporariamente
– a Sé, por exemplo e outros definitivamente – o Palácio Arquiepiscopal junto à
Sé ambos condenados se os recursos financeiros disponíveis permitissem a plena
execução dos projetos aludidos.
Era o
Urbanismo Demolidor que pretendia desenhar a cidade em função do veículo
automotor que surgia. Entre os delitos mais importantes cometidos contra os
Bens Culturais da Cidade do Salvador, basta citar as demolições das igrejas da
Ajuda e de São Pedro e os magníficos exemplares da arquitetura civil então existentes
nas ruas da Misericórdia, Ladeira da Praça, Rua Chile e outros locais.
Na ocasião, em
verdade, não foram esses monumentos os alvos visados, pois faziam parte de
conjuntos que deveriam ser arrasados para dar vazão à falsa idéia de progresso
então vigente, segundo a ótica dos administradores da época. Todavia, eram
justamente esses conjuntos, como se reconhece hoje facilmente que, com sua
forma e cor caracterizavam a área. Assim, trechos construídos em séculos eram
amputados em anos, ao sabor de experiências urbanísticas sem qualquer
fundamentação racional.
Américo Simas Filho, Revista de Cultura da Bahia, 1976,
p. 6-7.
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