quarta-feira, 1 de abril de 2015

Carlos Eduardo da Rocha: sobre a origem das designações "pelourinho" e "soteropolitano"

Dentro desses limites estão localizados alguns dos mais importantes monumentos da arquitetura religiosa e civil do Brasil […]. O nome “Largo do Pelourinho” deve-se a denominação popular, guardando a memória trágica da ultima localização do pelourinho, onde “se suplicavam os criminosos e a forca onde se executava os condenados à última pena, como se lê nas notas do historiador baiano Braz do Amaral, na Carta I, de Luís dos Santos Vilhena, o célebre professor de grego, criador da expressão soteropolitano, para designar o natural da cidade do Salvador, derivada das palavras gregas sotero e polis – que significam salvador e polis = cidade.

Esses instrumentos de suplício e morte foram construídos em frente ao edifício da Câmara, Levantados por Tomé de Sousa. Teodoro Sampaio, na “História da undação da Cidade do Salvador”, afirma a primeira localização do pelourinho na Praça da Cidade, em face da Câmara e das casas do Governo e em torno do pelourinho que de começo ali se assentava.

O Governador D. Diogo Botelho, mudou os instrumentos da justiça, naturalmente para livrar o incômodo e desagrado da vista da frente do seu palácio de residência para o Terreiro de Jesus, mas ali também não ficariam. Ainda segundo Braz do Amaral, “por causa dos gritos dos açoitados que perturbavam pela manhã as missas e cerimônias religiosas dos Jesuitas, pelo que foram tais execuções transferidas por ordem do Rei para a Porta de S. Bento."

Mais tarde foi mudado outra vez o lugar das execuções para a Praça José de Alencar, mas que o povo dá agora o nome de Largo do Pelourinho […]. 

Segundo Salvador de Ávila, em 7 de setembro de 1835, por Decreto do Senado da Câmara, nessa mesma data, e a requerimento da Patriótica Sociedade 2 de Julho, foi extinto o pelourinho como instrumento punitivo, ficando dele o nome trágico que o povo não pode esquecer.

Carlos Eduardo da Rocha, Roteiro do Pelourinho, Revista de Cultura da Bahia nº 11, 1976, p. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário