As viagens para a Bahia devem ser feitas
sempre por via marítima. Vindo-se de navio, tem-se o espetáculo da entrada do
pôrto…”. Êste conselho, justa advertência, está numa das primeiras páginas de
“Cidade do Salvador, caminho do encantamento”, e imediatamente senti-me íntimo
e solidário com o livro e seus autores porque sempre fui dessa mesmíssima
opinião. Sim, senhores: se verdadeiramente desejais possuir por inteiro essa
cidade da Bahia que é o amor de todos nós, brasileiros do Amazonas ao Chuí,
vinde de navio, assim podereis tomar de suas mãos marítimas ao chegar e iniciar
com ela o idílio de vossa vida. A cidade da Bahia não é dessas que se entregam
fàcielmente. Dela não se toma como de uma beleza à venda que se leva para o
leito vazio de uma noite, apenas descemos do avião. É necessário namorá-la,
pouco a pouco conquistá-la, se a queremos conhecer e amar, se queremos fruir de
sua beleza, cobrimo-nos com seu manto de formosura. A Bahia não é aventura
fácil, de turistas apressados, é amor constante de uma vida, inesquecível, aquela
para a qual voltamos sempre. O livro de Darwin e Motinha nos ensina como
irmo-nos apoderando, pouco a pouco, da cidade da Bahia, como fazê-la nossa.
Não são tantos quanto devera ser os livros
sôbre a cidade da Bahia. E poucos são os bons livros, mesmo somando os álbuns
de desenho e gravura, a obra admirável que ali vem realizando o desenhista
Caribé, a realidade do Bar São Miguel cavada em madeira pelo alemão Hansen, o
maravilhoso “Bahia de Tous les Poètes”, do francês Verger. Quando um povo
possui uma cidade como a Bahia, de beleza tão densa e tão particular, deve
valorizá-la ao máximo. Alguns bons livros existem, no entanto, e a êles vem
somar-se agora, como dos melhores, êste “caminho do encantamento”. O livro se
desenvolve em pequenas manchas, quadras rápidas, fixando uma rua, um
acontecimento, um tipo humano, e aos poucos vai-nos dando um panorama compelto
da cidade, a moldura de sua beleza e a vida que nela se desenvolve. Não se
trata de homens que souberam ver, trata-se de homens que viveram a Bahia,
homens de lá, e que a revelam aos leitores em sua inteireza.
Jorge Amado, prefaciando a citada
obra, 1958.
Darwin Brandão
& Motta Silva. Cidade do Salvador –
caminho do encantamento. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958, p. XIV-XV.
oi ana, tudo bom?
ResponderExcluirestou trabalhando na equipe de arte de um longa que se passará em salvador, rj e sp entre 1964-1969.
gostaria de saber se vc poderia me ajudar cm umas perguntas especificas.
por exemplo, vc saberia me dizer como eram as placas de rua de salvador naquela época?
obg!
nao achei seu contato aqui... se voce puder entrar em contato comigo, seria ótimo!
ResponderExcluirobrigada.