A negação da matriz portuguesa da nossa cultura esteve associada a uma valorização de outros modelos europeus, particularmente o francês e o italiano. Esta transformação cultural coincide com a chegada da modernidade, representada pela expansão das ferrovias, pelo início da industrialização e pelo surgimento da energia elétrica, do bonde elétrico e, já no século XX, do automóvel, de avanços tecnológicos no campo da construção civil, através da utilização de materiais como o ferro fundido e o concreto, além da substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado dos imigrantes italianos, espanhóis, alemães, sírio-libaneses, japoneses, polacos e ucranianos, dentre outros, que passaram a chegar às centenas a partir do último quartel do século XIX.
Do ponto de vista econômico e no caso específico da Bahia, a República Velha corresponde ao declínio da monocultura açucareira e à ascensão de novas atividades econômicas: a produção cacaueira do sul do Estado (Ilhéus, Itabuna e arredores), que representava 1,5% do valor das exportações brasileiras na década de 1890; a indústria fumageira do Recôncavo Baiano, sediada nas cidades de Maragojipe, Cachoeira, São Félix e Muritiba; e o surgimento de um parque industrial têxtil em Salvador, que contava na década de 1890 com sete fábricas, das quais quatro estavam na Península de Itapagipe (STELLING, 2003).
A República Velha corresponde ainda ao período das grandes reformas urbanas em algumas das principais cidades brasileiras, inspiradas nas radicais intervenções realizadas em Paris pelo Barão de Haussmann, prefeito da capital francesa entre 1853 e 1870. Nas reformas empreendidas pelo Prefeito Francisco Pereira Passos no Rio de Janeiro entre 1902 e 1906, dezenas de quarteirões e edifícios dos períodos colonial e imperial foram demolidos em nome do progresso e sob a justificativa de alargar as vias existentes ou de construir novas avenidas.
No caso de Salvador não foi diferente. A primeira gestão de José Joaquim Seabra à frente do Governo Estadual (1912-1916) foi marcada por obras monumentais e de grande transformação na cidade fundacional e no seu entorno, com a criação de um imenso aterro na Cidade Baixa, que incluiu a construção de um porto organizado; o alargamento de diversas ruas da Cidade Baixa; a abertura da Avenida Sete de Setembro – principal via da Cidade Alta; e a ligação da cidade à orla atlântica, através da construção da Avenida Oceânica. Estas reformas contribuíram no processo de expansão urbana já em curso; as famílias abastadas que, desde a fundação da cidade, habitavam o núcleo fundacional e seus arredores, migravam agora para os novos bairros ao sul, como Vitória, Canela, Graça e Barra.”
Nivaldo Vieira de Andrade Junior.
ANDRADE JUNIOR, Nivaldo Vieira de Andrade. A Influência Italiana na Modernidade Baiana: o caráter público, urbano e monumental da arquitetura de Filinto Santoro. 19&20, Rio de Janeiro, v. I, n. 4, out. 2007. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_fs_vnaj.htm>.
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