terça-feira, 3 de abril de 2012

Largo do Pelourinho - Praça José de Alencar

Pelourinho...Pelô...

Foto: José Carlos Almeida, 1998.
Assim, a partir dos anos 80 do século XX, costumou-se referir ao Centro Histórico de Salvador, reconhecido em 1985 pela Organização das Nações Unidas, através da UNESCO, como patrimônio cultural da humanidade. Mas Pelourinho é a designação popular da, oficialmente, Praça José de Alencar.

O nome popular remonta a ultima localização do instrumento de punição que antes localizou-se na Praça Municipal e no Terreiro de Jesus, por exemplo. 
Rugendas
projetomemoria.art.br
Lembrando que não servia para punição de escravos negros apenas, mas de qualquer criminoso cuja exposição e castigo público visava intimidar a população que assistia, para não repetir os atos que levaram para ali o condenado. Claro que, como em todo processo de justiça desta imperfeita humanidade, houveram muitas injustiças e exageros. Claro que a grande maioria dos que ali chegaram foram negros e escravos. Felizmente, foi extinto o objeto de tortura.

Rugendas
historiabrasileira.com
O nome oficial homenageia o grande romancista brasileiro que também foi político, jornalista, advogado, orador, crítico e dramaturgo, José de Alencar (1829-1877).


Praça José de Alencar, ou Largo do pelourinho.
O casarão azul é a Fundação Casa de Jorge Amado
e o amarelo é o Museu da Cidade, mantido pela prefeitura.
Fonte: Robson Mendes, AGECOM.
O largo foi formado a partir da demolição de uma das mais antigas fortalezas de proteção da capital colonial, cujos vestígios podem ser vistos num dos casarões do SENAC, onde atualmente funciona parte do Museu da Gastronomia (antes, Museu das Portas do Carmo).

Fonte: MATTOS, Waldemar. Evolução histórica e cultural do Pelourinho.
SENAC, Rio de Janeiro, 1978.
Fonte: MATTOS, Waldemar. Evolução histórica e cultural do Pelourinho.
SENAC, Rio de Janeiro, 1978.
A região do "Largo do Pelourinho" foi a única que escapou das intervenções urbanísticas e arquitetônicas que buscaram adaptar o centro mais primitivo da cidade, erguido sob o modelo medieval português, aos novos padrões urbanos de higiene e estética, de influência principalmente francesa, que atingiram toda a extensão que vai da Praça Castro Alves até o Terreiro de Jesus, em grandes obras ocorridas entre o final do século XIX e o início do século XX. 



Foto: Luciano Batista. Década de 70.
Década de 70.
Década de 70.
Foto Dilton José 17.07.1975.
Por isso, seu destaque desde a década de 70, quando, ao mesmo tempo que se apontava a mudança do centro administrativo e comercial da cidade para terrenos mais planos e amplos (com mais espaço e menos problemas para inovações), iniciavam extensos estudos e discussões políticas em torno da necessidade de preservação do patrimônio arquitetônico histórico, e da urgente intervenção restaurativa, já que avançava o processo de abandono e arruinamento, com frequentes incêndios e desmoronamentos.




O "Pelô" manteve-se com ares coloniais porque a aristocracia local, quando deixa de ser essencialmente agrária para ser comercial, modificada principalmente após a abertura dos portos, que atraiu negociantes de diversas regiões da Europa (1808), repudiou a forma de habitar e negociar da região, que foi sendo desvalorizada.

Década de 80.
Os mais ricos se fixavam em novos núcleos urbanos (entre o Campo Grande e a Barra e na região do Bonfim e Itapagipe), e como seus ideais servem sempre de inspiração para a "classe média", esta, de forma menos pomposa, busca se adequar para se sentir com o mesmo grau de "dignidade social". Afinal, a aristocracia deixou como legado no antigo centro urbano não só a arquitetura, mas seus muitos ex-serviçais escravos, que foram sendo libertos em massa a partir de 1871 até 1888. Libertos e abandonados à sorte, miséria e exclusão social. Então, cada vez mais o Pelourinho servia à moradia e trabalho dos menos abastados aos mais pobres e miseráveis, até tornar-se uma espécie de "gueto" no antigo centro da Salvador de meados do século XX.




Fonte: SECULT.
As torre são do antigo templo católico do Santíssimo Sacramento à Rua do Passo
que há anos está fechado se arruinando. Talvez em breve nem possa mais integrar esta paisagem.
Fonte: SECULT.
Fonte: IPAC.

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