segunda-feira, 14 de março de 2016

O Solar da Rua do Saldanha 23

Um solar curioso e original pela sua fisionomia construtiva, é o da rua do Saldanha 25, na segunda esquina do lado esquerdo de quem desce a antiga rua do Tijolo, hoje 28 de Setembro, ficando junta à casa número 8, desta rua, que parece ter sido sua dependencia. 
Construção da era colonial, pouco ou quase nada sabemos do seu passado de casa nobre. 
A arquitetura dêsse velho solar, hoje transformado em çasa de apartamentos, é um marco caracteristico de resideneia sem simile entre as demais existentes em nossa Cidade, dotada de bom numero de moradas solarengas. 
Bastante amplo e de enormes proporções, apesar de edificado em um lugar apertado e acanhado, tem imponencia singular.
A sua parte alta e esguia do lado direito, de dois andares e um mirante tem uma vista magnifica. De longe, nos dá a impressão da torre dc um observatorio ou coisa semelhante. 
De portas molduradas de pedra de cantaria, possue seis janelas de frente, sendo duas no andar térreo e quatro no superior com sacadas de pedra para fora, guarnecidas por grades de ferro fundido. Na sobreloja existe uma porta. No saguão, destinguiam-se até bem pouco tempo, encravadas no forro, as roldanas das cadeirinhas de arruar destinadas aos fidalgos moradores dessa opulenta residencia. Relatam que dos lados, sentados em bancos, ficavam os escravos devidamcnte fardados, a espera das ordens dos senhores para as saidas. 
Segundo informação colhida em fonte segura, merecedora de credito, em algum tempo, esse solar, era conhecido pela denominação de “Casa Regia”. Dotado de vastos salões, um magestoso patio de arcadas e uma grande varanda lateral, sobre a casa n. 8, a casa da rua do Saldauha, 25, tem a sua história. 
Antigo solar, habitado pelos Monizes”, aí nasceu no dia 28 de Janeiro de 1870, Gonçalo Moniz Sodré de Aragão, filho de Dr. Egas Carlos Moniz Sodré de Aragão e de D. Maria Leopoldina Sodré de Aragão, descendentes “em linha reta de Guilherme Moniz e de d. Joana Côrte Real, rebentos que foram de antigas, ilustres e fidalgas famílias portuguesas que emigraram para a Bahia nos primeiros tempos de colonização”. 
Foi um dos fundadores da Academia Bahiana de Letras, “Escritor, jorna lista, publicista, historiador, higienista, secretario de Estado, com o seu saber prestou ao Estado da Bahia e ao pais inovidaveis serviços”. 
O professor Pinto de Carvalho, no seu discurso de abertura dos cursos em 1910, na Faculdade de Medicina, afirmou: 
“Notavel professor foi Gonçalo Moniz, ao ponto de dever ser inaugurado dentro em pouco a sua efige em bronze nas paredes deste templo da ciencia, numa glorificação promovida pelos seus pares, visando perpetuar aqui sua imagem, do mesmo modo porque se há de imortalizar a sua memoria nos anais da nossa Faculdade e nas taboas de oiro da espiritualidade brasileira”. 
Tempos depois, passou o imovel para o domrnio de Luiz de Oliveira Vasconcelos o qual, duou a Santa Casa da Misericordia da Bahia. 
Já em nossos dias, foi inquilino dêsse solar abandonado pela aristocrácia, o professor e epigramista hahiano de saudosa memória, Roberto Correia, “um  dos maiores poetas da Bahia destes derradeiros tempos”.
Waldemar Mattos
Fonte: Revista do Instituto Genealogico da Bahia. Ano 1 – N. 1, Bahia, 24 de agosto de 1944, p. 68.

Fonte: Revista do Instituto Genealogico da Bahia,
Ano 1 N. 1, Bahia, 24 de Agosto de 1944, p. 69.



Fonte: IPAC.
Fonte: IPAC.

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