Quando no seculo
passado [XIX] a Empreza do Queimado installou nesta Capital o serviço de
abastecimento de agua, erigiu chafarizes em diversos pontos da cidade, que eram
considerados verdadeiros monumentos. O mais notável foi o do Terreiro, que é
igual ao collocado na Praça da Concordia, em Pariz. De fino gosto
architectonico, todo em ferro fundido, foi inaugurado em 7 de Janeiro de 1861.
Nelle figuravam lanternas tambem, em ferro fundido, em perfeito estado, todas
extavadas e emmolduradas de vidro branco lizo. São peças de valor, elegantes,
semelhantes às usadas modernamente em illuminações publicas na America do
Norte. Têm no formato o carateristico do colonial, são bem trabalhadas, com
enfeites de contornos. Essas lanternas foram a poucos mêses substituidas por
simples globos sem estylo e sem valor algum e condemnadas, segundo informações
que obtiveos, ao deposito da Inspetoria de Jardins. É de lastimar a sua
retirada, não só porque os adornos e o systema faziam parte do conjuncto, desde
o pedestal do poste á cabeça da lanterna com enfeites de estylo, se não ainda
pelo grande valor actual e pela sua raridade na nossa capital que, pouco a
pouco, vai sendo despida de adereços custosos para obrigar-lhe o uso de
phantasias baratas.
A reposição dessas
oito lanternas é imprescindivel para que o importante chafariz que contém, além
da figura principal representando a deusa Ceres, quatro notaveis figuras
symbolisando os maiores rios da Bahia, permaneça intacto e não continue
deformado.
Actualmente só
existem, além deste que não sahiu do lugar, o da Praça da Inglaterra que outr’ora
estava na antiga Praça do Theatro onde foi levantada a estatua de Castro Alves,
o do Largo 2 de Julho retirado da Praça da Piedade na administração Pimenta da
Cunha e o da Praça Divina do Porto no Bonfim que em bôa hora voltou, depois de
longos anos de abandono nos terrenos do Queimado, á servidão publica, graças a
este mesmo Prefeito.
Os demais tiveram fim
ignorado.
Em 1863, a Devoção do
Senhor do Bonfim collocou na praça fronteira ao grande Santuario um chafariz
todo de marmore branco encimado pela estatua do Salvador em marmores de
Carrara. Foi esta a primeira estatua de Jesus erguida no Brasil. O Chafariz
deixou de funcionar há varios annos, mas o monumento continúa sendo conservado
com o maior zêlo.
Padre Manoel A. Barbosa,
Inspetoria Estadoal de Monumentos Nacionais,
Bahia, 31 de Dezembro de 1936.
In: Annaes do Arquivo Publico da Bahia Volume XXVI. Bahia,
Imprensa Oficial do Estado, Praça Municipal, 1938, p. 471-472.
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Chafariz do Terreiro de Jesus, 1889. |
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Chafariz do Largo Dois de Julho (extinto). |
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Largo Dois de Julho, Salvador. Litho-Typ. Almeida, agosto de 1908. |
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Chafariz da Praça do Comércio, perto da Associação Comercial (extinto). |
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Chafariz do Largo do Teatro. |
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O mesmo chafariz na Praça da Inglaterra. |
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A estátua de Colombo, do chafariz acima,
reunido a outros elementos de outro chafariz, no Rio Vermelho. |
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O Chafariz da Cabocla na Praça da Piedade. |
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