O brasão da coroa portuguesa, volutas,
anjos, sereias e outras alegorias
adornam o único exemplar de fachada em pedra lavrada do Brasil,
doação do Coronel Domingos Pires de Carvalho.
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O edifício atual no fundo é
dos fins dc Séc. XVII e a igreja atual foi começada no dia 1 de janeiro de
1702, levando naturalmente alguns anos até terminá-la; o edifício do lado
direito da igreja só foi levantado na
sua forma atual na segunda metade do XVIII. [...]
Rua Inácio Acioli, Centro Histórico de Salvador.
Foto: SECULT/Ba. |
Entrando no edifício do lado esquerdo da
igreja, deparamos com um vasto corredor, provavelmente restos de construções
anteriores ao Séc. XVIII, pois na parede esquerda encontramos alguns azulejos
bem antigos, representando num ladrilho pessoas, animais, etc., alguns talvez
de origem holandesa, pois não possuem o brilho metálico azul dos portugueses,
mas são muito pálidos, revelando um método de fabricação portuguesa diferente. Outros
azulejos que revestem as paredes do corredor mais para dentro são tipicamente
portugueses, fabricados por volta de 1730, representando bouquets de flores.
Foto: SECULT/Ba. |
Passamos por arcos romanos elaborados do
mesmo arenito granulado que encontramos empregado no frontispício da igreja e
subimos no lado esquerdo para o Salão Nobre. [...]
Foto: pt.wikipedia.org |
O Salão Nobre é um vasto
recinto, destinado para as reuniões dos Mesários, instalado numa ala,
construída nos últimos anos do séc. XVII para o convento de São Francisco, mas
em 1701, cedida à Ordem 3 de São Francisco para eles instalarem aí seu Salão
Nobre em cima e a sacristia no andar térreo, sendo seu porão em tempos recentes
transformado em ossuário dos Irmãos falecidos. [...]
Ossuário. Foto: panoramio.com/Serneiva. |
Descendo pela mesma escada, entramos na
sacristia, na qual merece menção especial o lavabo de mármore encrustado e
azulejos, como um busto de argila de São Francisco de Assis, escultura
excelente, de autor desconhecido. Apreciável é também um armário
renascentista embutido. Por uma parede de vidro, podem-se apreciar algumas
alfaias da Ordem.
Lavabo de mármore de
Alentejo, no estilo D. João V.
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Entremos no claustro, infelizmente mal
remodelada a sua forma arquitetônica em anos recentes, pois acharam demasiadamente
simples as duas formas primitivas renascentistas, imitando o claustro
franciscano de Guimarães. O que porém se conservou na sua forma primitiva é o
revestimento de suas paredes com azulejos portugueses que representam o
casamento de Dona Maria Ana Victória, em 1720, última grande festa real de
Lisboa antes do terremoto de 1755. Já que nestes azulejos apresenta-se o
cortejo fluvial no Tejo, seguindo o desembarque em Belém e continuando então
pela cidade antiga, trata-se aqui de uma representação iconográfica de Lisboa
muito preciosa, pois no terremoto muitos edifícios aqui ainda reproduzidos, por
volta de 1735, foram destruídos.[...]
21 painéis de azulejo, com 27 mil azulejo recobrem paredes do claustro e consistório.
A maior parte produzida em Lisboa, durante a primeira metade do século XVIII.
Foto: panoramio.com/Serneiva. |
Relógio do Sol. Foto: panoramio.com/Serneiva. |
Os painéis de azulejos do claustro, representando comemorações do anúncio,
Obras do pintor Pierre Antoine Quillard e do mestre azulejeiro Valentim de Almeida. em Lisboa, do casamento de D. José com a princesa das Astúrias, D. Maria Ana Victória. Foto: bahiaimagensepalavras.blogspot.com |
Foto: 2curious4travels.fotosblogue.com |
No consistório cenas urbanas de Lisboa antes do grande terremoto de 1755. Foto: alexuchoa.photoshelter.com |
Depois de
terminada a sua fachada, enfeitaram seu interior com obra de talha barroca por
volta de 1725 [...]. Os altares barrocos setecentistas, foram
substituídos, em 1827, por retábulos neoclássicos feitos por José de Cerqueira
Torres [...].
Foto: alexuchoa.photoshelter.com |
Órgão de Tubos. Foto: panoramio.com/Serneiva. |
No fundo da igreja, debaixo do coro,
deparamos com uma pintura interessante, representando Nossa Senhora amamentando
ao mesmo tempo dois meninos, um o próprio Filho e o outro, São
Francisco-criança. Ao que tudo indica foi o pintor beneditino de origem
francesa, Frei Estevão do Loreto Joassar, seu autor, pois no Mosteiro de São
Bento do Rio de Janeiro ele pintou um painel análogo, colocando, porém, São
Bento-criança em segundo lugar.
Da igreja passamos para a “Casa dos
Santos”, na qual se guardam as imagens de Santos que saem na procissão da
Quarta-Feira de Cinza, procissão desde anos guiada pela Ordem 3 de São
Francisco.
Na “Casa dos Santos”, construída em 1844, 23 nichos guardam as imagens populares
que saem em procissão da Quarta-Feira de Cinzas.
Foto: agenciafm.blogspot.com
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Foto: alexuchoa.photoshelter.com |
A padroeira da Ordem é Santa Izabel.
Foto: SECULT/Ba. |
Interessante visão do que seria o Conjunto de São Francisco sem as construções do entorno. Imagem: skyscrapercity.com |
De outro ângulo. Imagem: skyscrapercity.com |
Visto de cima. Imagem: skyscrapercity.com |
Referência Bibliográfica
OTT, Carlos. Guia artístico da cidade do Salvador. Nº 1. Bahia, 1987.
ESTAMOS ESTUDANDO ESSE COMPONENTE. AZULEJOS DO CASAMENTO DE D. JOSÉ COM A PRECISA MARIA ANA ...!
ResponderExcluirMOTASUSART@GMAIL.COM
ResponderExcluirComo profª de história, a página me chamou atenção. Além disso na Ordem 3ª , o escultor PEDRO FERREIRA ( meu tio) tem obras como o São Francisco do Ossuário. Pedro Ferreira é também o escultor da Visão de São Francisco que está no altar mór da igreja de São Francisco aí em Salvador e data de outubro de 1930.
ResponderExcluirPrezada Lucila, seja muito bem vinda e obrigada pelas informações. Já li sobre as obras do seu tio. Em breve publicarei posts específicos sobre os artistas baianos, com base também em estudos antigos e recentes realizados. Abraço!
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