O maior poeta satyrico da era colonial. Nasceu na Bahia a 7 de Abril de
1623. Foi dezembargador da Capital ecclesiastica
da Bahia ganhando 300$000 anuais. […]
“O Governador D. João de Alencastro, victima também da satyra do poeta
resolveu po-lo fora da Bahia fazendo-o
cahir, muito do boa fé, numa prisão, e desta ao extermínio para Angola, por
meio de um engano.
Morreu com 73 annos de edade em 1696, deixando de seu consorcio um só
filho, que não herdou o perigoso estro do pai”.
“Sua mulher fugiu de casa para a do tio, desesperada das desenvolturas
de Gregorio de Mattos.
O tio querendo restabelecel-a na amizade de seu marido, procurou a
este, que concordou em que ella voltasse para a casa, porém somente com a
condição de que a receberia, sendo-lhe ella apresentada por um Capitão do matto
como escrava fugida, acto que se executou da forma mais decorosa, pagando
Gregorio generosamente ao Capitão do matto; e protestando que, desde então,
todos os filhos que tivesse, se chamariam Gonçalos, para que se dissesse que
sua casa era de Gonçalo, onde a gallinha pode mais que o gallo.”
Governava Pernambuco, Caetano de Mello e Castro quando de Angola
desembarcou Gregorio, velho, alquebrado, mortificado de espirito, na miséria,
esmolante para sustentar-se.
O Governador Castro deu-lhe uma pensão para viver, e recolheu-o a uma
casa de caridade.
Foi enterrado no Hospício de Nossa Senhora da Penha dos Capuchinhos
Franceses.
O Governador Antonio Luiz da Camara G. Coutinho foi alvo de suas
satyras. Tinha S. S. nariz muito grande e feio e por isso destacamos da satyra
esta quadra:
Nariz de embono
Com tal sacada
Que entra na escada
Duas horas primeiro que seu dono;
Nariz, que falla
Longe do rosto
Pois na Sé posto
Na Praça manda por a guarda em ala.
Annaes do Archivo Publico e Inspetoria de Monumentos, vol. XIX, Bahia, Imprensa Official do Estado, 1931, p. 220-221.
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