segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Gregório de Mattos (detestável)

Tantas são as homenagens ao poeta barroco Gregório de Mattos e me deparo com um absurdo desses... não apenas satírico, algoz da própria esposa. Merece toda essa honraria tão cruel criminoso?

O maior poeta satyrico da era colonial. Nasceu na Bahia a 7 de Abril de 1623. Foi dezembargador  da Capital ecclesiastica da Bahia ganhando 300$000 anuais. […]

“O Governador D. João de Alencastro, victima também da satyra do poeta resolveu po-lo fora da Bahia  fazendo-o cahir, muito do boa fé, numa prisão, e desta ao extermínio para Angola, por meio de um engano.

Morreu com 73 annos de edade em 1696, deixando de seu consorcio um só filho, que não herdou o perigoso estro do pai”.

“Sua mulher fugiu de casa para a do tio, desesperada das desenvolturas de Gregorio de Mattos.

O tio querendo restabelecel-a na amizade de seu marido, procurou a este, que concordou em que ella voltasse para a casa, porém somente com a condição de que a receberia, sendo-lhe ella apresentada por um Capitão do matto como escrava fugida, acto que se executou da forma mais decorosa, pagando Gregorio generosamente ao Capitão do matto; e protestando que, desde então, todos os filhos que tivesse, se chamariam Gonçalos, para que se dissesse que sua casa era de Gonçalo, onde a gallinha pode mais que o gallo.”

Governava Pernambuco, Caetano de Mello e Castro quando de Angola desembarcou Gregorio, velho, alquebrado, mortificado de espirito, na miséria, esmolante para sustentar-se.

O Governador Castro deu-lhe uma pensão para viver, e recolheu-o a uma casa de caridade.

Foi enterrado no Hospício de Nossa Senhora da Penha dos Capuchinhos Franceses.

O Governador Antonio Luiz da Camara G. Coutinho foi alvo de suas satyras. Tinha S. S. nariz muito grande e feio e por isso destacamos da satyra esta quadra:

Nariz de embono
Com tal sacada
Que entra na escada
Duas horas primeiro que seu dono;

Nariz, que falla
Longe do rosto
Pois na Sé posto
Na Praça manda por a guarda em ala.

Annaes do Archivo Publico e Inspetoria de Monumentos, vol. XIX, Bahia, Imprensa Official do Estado, 1931, p. 220-221.




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