"A Praça José de Alencar é, para todos os efeitos,
o Largo do Pelourinho.
o Largo do Pelourinho.
Pitoresco lugar onde encontramos ainda a velha Bahia do séc. XVIII.
Algumas casas antiquíssimas, com suas altas varandas para a rua,
os transeuntes, as negras típicas, tudo nos lembra e sugere o passado.
Ao longo, o perfil das igrejas, de muitas igrejas,
com suas torres esguias varando o céu da Bahia.
O céu eternamente azul da Bahia."
Lindo texto encontrado nos arquivos de Godofredo Filho, primeiro representante na Bahia do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN. Demonstra bem o patrimônio material e imaterial que se pretendia preservar com pedidos de tombamento desde o final da década de 1930, atendidos em 1959.
1900 |
Erich Joachim Hess - Década de 1950. |
Dimitri Kessel - 1957.
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Infelizmente, muito se perdeu dessa dinâmica do velho centro, especialmente a partir dos anos de 1990, quando se decidiu tornar a velha urbe um "shopping a céu aberto" e cada vez mais passou-se a investir na substituição da sua função habitacional - e de comércio e serviços voltados para a população residente - por uma função turística - e de comércio e serviços voltados para visitantes. O velho centro povoado, com toda a sua dinâmica citadina real, foi convertido em cartão-postal e moldura das atrações, representações e espetáculos de um turismo de consumo, pouco preocupado com a história, a arte e a cultura de tão incrível sítio. Muitas vezes atentando contra esses elementos que lhe são fundamentais.
O colorido do casario do velho Pelourinho - uma novidade no século XX à velha prática de caiação, devida ao fornecimento pela indústria de frascos ou bisnagas de pigmentos baratos para misturar ao branco - tornou-se grande destaque dentro desse novo contexto e foi ganhando cada vez mais intensidade, brilho e plástica. Essa prática também, lamentavelmente, assemelha cada vez mais o patrimônio histórico a "cenário novelesco", impossibilitando uma contemplação mais realista do ambiente, do ponto de vista histórico e cultural.
São os caminhos de um turismo que não tem nada de cultural. É o patrimônio a serviço do mercado, dos negócios, das elites, do poder e do consumismo fútil.
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